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domingo, 20 de outubro de 2013

E as Tic's na alfabetização?

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TICs e alfabetização, o desafio do ovo e da galinha

Estudo aponta que apenas 14% dos analfabetos funcionais utilizam as TICs

Portal Porvir
O Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), publicado pelo Instituto Paulo Montenegro, organização social mantida pelo Ibope, e pela Ação Educativa, divulgou dados que mostram estreita correlação entre a alfabetização e a utilização das tecnologias de informação e comunicação, as TICs. Pelo estudo, 73% das pessoas funcionalmente alfabetizadas usam esses recursos, mas esse valor é de apenas 14% quando se trata de analfabetos funcionais. Diante desses números, chega-se ao velho desafio do ovo e da galinha, mas agora no ambiente da educação: a pessoa é menos alfabetizada porque tem menos acesso às TICs ou tem menos acesso às TICs porque é menos alfabetizada?
“Não dá para definir ao certo o que vem primeiro, mas são dois fenômenos muito relacionados”, diz Fernanda Cury, consultora do Instituto Paulo Montenegro. O Inaf entrevistou uma amostra nacional de 2 mil pessoas entre 15 e 64 anos para avaliar as habilidades em leitura, escrita e matemática, e as classifica em quatro níveis de alfabetismo: os analfabetos e os alfabetizados em nível rudimentar, que são considerados analfabetos funcionais, e os alfabetizados em nível básico e em nível pleno, que são considerados funcionalmente alfabetizados.
Apesar de especialistas ouvidos pelo Porvir concordarem que se trata de um processo que se retroalimenta, eles consideram que o uso das TICs acaba sendo uma oportunidade de aprimorar o letramento. “O grupo dos analfabetos funcionais ou o de alfabetismo básico, embora tenha um repertório inferior ao grupo dos alfabetizados em nível pleno, faz uso da internet para a realização de um bom número de atividades, confirmando o potencial das TICs para o desenvolvimento das habilidades de alfabetismo”, destaca a análise produzida pela equipe do instituto. Tanto é assim que entre considerados analfabetos funcionais que fizeram buscas na web, 53% procuraram informações em sites de produtos e serviços – como endereços, trajetos e diversão –, ou em enciclopédias, atividades que exigem certo grau de desenvolvimento cognitivo.
Ainda de acordo com os dados do Inaf, entre os analfabetos funcionais que utilizam as TICs, 69% disseram usar os recursos para enviar mensagens instantâneas, 65% para participar de redes sociais e 64% para enviar e receber emails, três opções diretamente relacionadas com a interação entre os indivíduos. Para Rodrigo Scama, fundador do Instituto Faber-Funden, especializado em tecnologia e educação, esses números fazem todo o sentido porque as TICs hoje são uma forma de inserção social para todos os grupos da sociedade. “A pessoa se sente alijada se não está nesse meio virtual, no Orkut, no Facebook. Quando ela entra, ela está buscando se socializar, encontrar semelhantes.”
Para o especialista, que é também historiador, a sociedade vem sofrendo com a perda de espaços de sociabilidade, obrigando as pessoas a trocarem o bate-papo na esquina pelo online. “Ele sente necessidade de interagir e, por isso, entra nessa rede.” Acontece, afirma ele, que essa rede exige habilidades de leitura e escrita, e a pessoa acaba tendo que se adaptar. “Mal comparando, é a mesma lógica do que acontece com o aprendizado de inglês. Para entender o que está na internet, muita gente acaba se forçando a aprender ou a arranhar a língua”, afirma.
Maria do Rosário Mortatti, presidente da Sociedade Brasileira de Alfabetização e professora na Unesp em Marília, também considera que as TICs têm potencial para a promoção de práticas de letramento, uma vez que ajuda a dinamizar e tornar mais agradáveis as atividades de ensinar e aprender e também propicia a compreensão ativa de alguns usos e funções sociais da leitura e da escrita. No entanto, ela alerta que o recurso, apesar de importante, é apenas uma dentre as muitas possibilidades de compreensão dos sentidos da leitura e da escrita: “no contexto da sociedade da informação, a utilização das TICs pode ser um bom começo, ou um bom meio; nem de longe, porém, representa um fim para os que de fato se ‘apropriaram’ ou desejam se apropriar da língua escrita”, diz.

Números gerais
O Inaf apresenta dados gerais sobre o alfabetismo funcional no Brasil desde 2001 e, a cada ano, traz um recorte especial. Desta vez, o assunto em foco foi o uso das TICs entre os entrevistados. Nesta edição, que completa uma série histórica de 10 anos de pesquisa, há boas e más notícias. Enquanto o analfabetismo funcional caiu de 39% para 27%, a proporção dos que atingem um nível pleno de habilidades de leitura, escrita e cálculo permaneceu praticamente inalterada na última década, sempre em torno dos 25%.
De acordo com Ana Lúcia Lima, diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro, esses números revelam que o Brasil vem conseguindo melhorar os níveis iniciais da alfabetização, dado muito relacionado à universalização do acesso à escola, mas peca na qualidade desse acesso. “Os dados são muito interessantes pois, de um lado, mostram avanços importantes na redução do analfabetismo absoluto e no nível rudimentar e, de outro, revelam que a proporção de pessoas que atingem o nível pleno de alfabetismo está estagnada há 10 anos. Só vamos conseguir avançar daqui pra frente com mais qualidade, pois as possibilidades de futuros avanços fruto da quantidade (de pessoas na escola, de anos de estudo) já estão se esgotando”, afirma.

REPORTAGEM DO ESTADÃO SOBRE O PROFESSOR E AS NOVAS TECNOLOGIAS..

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    Pensem no assunto, será que hoje em dia os Professores estão preparados para esta explosão Tecnológica que está acontecendo no mundo?



Professores são inseguros para usar tecnologia

Estudo da Unicamp diz que 85% dos docentes não conseguem usar o computador nas aulas

 Felipe Oda - Jornal da Tarde
Professores da rede pública não se sentem seguros para aplicar a tecnologia na sala de aula. Uma pesquisa da Universidade Estadual de  Campinas (Unicamp) com 253 docentes de escolas estaduais paulistas mostra que 85% deles não sabem usar o computador e seus recursos como ferramenta  pedagógica. E perdem, assim, uma boa chance de capturar a atenção de seus alunos, naturalmente interessados pelas novidades tecnológicas.
Segundo os docentes, a dificuldade é atribuída, em geral, à deficiência na formação profissional e à falta de tempo, além do pouco incentivo para se aprimorarem e a infraestrutura deficiente no local de trabalho. O secretário- adjunto da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, João Cardoso Palma Filho, contesta as queixas dos professores. “Também há muita resistência dos docentes com a tecnologia”, afirma Palma.
Os professores entrevistados na pesquisa da Unicamp não sabem, por exemplo, usar um software simples como o Power Point, e relatam problemas com  navegadores de internet. “Fazendo cursos já é difícil acompanhar a tecnologia. Imagine sem eles”, diz a professora da rede municipal Ana Maria Perressim. “O  que sei e uso em sala de aula (de computador) aprendi por conta própria.”
O estudo foi realizado em 27 escolas de Campinas, a 100 quilômetros da capital, entre 2009 e 2010, mas a pesquisadora do Núcleo de Estudos Avançados em Psicologia Cognitiva e Comportamental (Neapsi) da Unicamp, Cacilda Encarnação Augusto Alvarenga, afirma que os resultados da amostra “são  semelhantes no resto do País.”
Para Cacilda, “a falta de afinidade dos professores públicos com a tecnologia é comum”. Ela, que também é pedagoga, afirma que para 73% dos  entrevistados a infraestrutura de informática disponível nas escolas é insuficiente. “E isso acaba desmotivando o professor”, avalia.
Os problemas são confirmados por Wilner Santos, 31 anos, docente de física e matemática da rede estadual que tenta, por conta própria, acompanhar o desenvolvimento tecnológico. “Falta investimento na sala de aula”, afirma. Ele pretende comprar um projetor e levar seu notebook pessoal para ajudar na aula. “A tecnologia motiva os alunos, mas não posso esperar pelos recursos do Estado.”
Outro motivo que, segundo os docentes, afasta a tecnologia das salas de aula é a falta de cursos sobre o uso pedagógico do computador, assim como o  pouco tempo que eles têm para o aprimoramento. No caso de Santos, para dominar o uso da tecnologia como ferramenta pedagógica, o jeito foi cursar uma pós-graduação em novas tecnologias para o ensino da matemática, curso a distância da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Formação descontinuada. “Mesmo confortáveis com o uso doméstico da tecnologia, alguns sentem dificuldade em transportá-la para a sala de aula”,  reconhece a educadora e pesquisadora Márcia Padilha Lotito, coordenadora da área de inovação educativa da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a  Educação, a Ciência e a Cultura (OEI).
Segundo Adriano Canabarro Teixeira, pós-doutor em Educação a Distância pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a falta de capacitação  para o uso da tecnologia nas aulas expõe os problemas na formação universitária para a docência. “Os cursos de licenciatura parecem desconhecer a tecnologia.  A formação universitária não contempla discussões sobre isso. O professor não aprende a trabalhar com essa ferramenta.”
Teixeira também ressalta que, apesar de todas as dificuldades, o professor não deve se “tornar vítima” nem aceitar esse papel. “Não é possível esperar pelas condições ideais para trabalhar. A situação ideal não chegará. Não podemos ignorar o potencial da tecnologia e, por isso, é preciso trabalhar com o que temos.”
USO INTEGRAL
82% dos professores que mais usam tecnologia em sala de aula têm computador em casa há mais de três anos
ATUALIZAÇÃO
66% dos entrevistados já participaram de cursos de informática
PARTICIPAÇÃO
27% dos docentes pesquisados (menos de um terço) fizeram cursos para o uso didático da tecnologia